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Um Tributo ao Artigo Quinto da Constituição Federal

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  Se o brasileiro conhecesse [de verdade] o Art. 5 o  da nossa Constituição Federal e a história das constituições que a precederam  – daqui  e principalmente de outros países mais antigos  –, assim como os  sacrifícios dos heróis que deram suas vidas na luta pelos direitos universais do cidadão, certamente não abaixaria a cabeça para atos de tirania que recentemente têm se tornado tão comuns por aqui.

Confissão

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  Antes de iniciar o texto, aviso logo de cara e em letras garrafais: PARA ESTUPRADORES EU DESEJO MORTE LENTA E DOLOROSA, E DE PREFERÊNCIA PELAS MÃOS DO PAI DA VÍTIMA. Dito isso, vamos ao texto. Acabei de saber através da live do jornalista Rodrigo Constantino que ele foi demitido da Jovem Pan por supostamente ter se pronunciado a favor do acusado no caso da influencer Mariana Ferrer (o caso foi este: https://jc.ne10.uol.com.br/brasil/2020/11/11993025-com-sentenca-inedita-de-estupro-culposo--empresario-acusado-de-violentar-influencer-e-inocentado.html ). O pronunciamento que deu origem à polêmica e à demissão acontece a partir do ponto 53:25 deste vídeo: https://youtu.be/aQYM15giTvs?t=3205 . Já o vídeo em que o jornalista apresenta a sua revolta com o acontecido é este: https://www.youtube.com/watch?v=qtY9Yj78sYo . Pois bem. Ontem, após tomar conhecimento do fato de que o promotor do caso havia pedido absolvição por “estupro culposo” – um crime que sequer existe na lei brasi

Ciência de Dados?

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  Presentemente há um movimento intenso em torno do assunto “Ciência de Dados”. Cursos, treinamentos, plataformas de software (principalmente na “nuvem”), webinars , palestras, e até uma nova profissão surgiu a reboque dessa onda: a de “Cientista de Dados”. Mas o que é um “cientista”? De acordo com o site sciencecouncil.org , “ um cientista é alguém que sistematicamente coleta e usa pesquisas e evidências para construir hipóteses e testá-las, para obter e compartilhar compreensão e conhecimento .” [1] Poder-se-ia afirmar simplesmente que o “cientista” é alguém que pratica “ciência”. Neste caso, resta necessário estabelecer o que é “ciência”. Para não se adentrar o campo filosófico, pode-se lançar mão de definições pragmáticas do que seja “ciência”. Carl Sagan, em seu livro “O Romance da Ciência”, à página 27 da segunda edição brasileira, descreve: “ A Ciência é antes de tudo um modo de pensar do que propriamente um conjunto de conhecimentos. Seu objetivo é compreender de que forma

"Algo hicimos mal"

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Palavras do Presidente Oscar Arias, da Costa Rica, na Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago, a 18 de abril de 2009, na presença do então presidente do Brasil e demais presidentes latino-americanos, incluído o do Equador, Rafael Corrêa (abaixo nominalmente citado). Tradução livre minha.  "ALGO FIZEMOS ERRADO" "Tenho a impressão de que cada vez que os países caribenhos e latino-americanos se reúnem com o presidente dos Estados Unidos da América, é para pedir-lhe coisas ou para reclamar coisas.  Quase sempre, é para culpar os Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros.  Não creio que isso seja de todo justo.  Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes de que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades desse país.  Não podemos esquecer que nesse continente, como no mundo inteiro, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais: todos eram pobres.  Ao aparecer a Revo

Erlang B: Uma Interpretação Alternativa

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  Agner Krarup Erlang era um sujeito interessante: como funcionário da Companhia Telefônica de Copenhague, solucionou analiticamente dois problemas clássicos (mas pragmáticos) na segunda década de 1900: a) calcular quantos troncos (linhas) seriam necessários para prover um serviço telefônico de qualidade aos assinantes, e b) calcular quantas telefonistas seriam necessárias para atender com qualidade a um determinhado volume de chamadas. Até hoje as soluções encontradas por Erlang são aceitas como as corretas para ambos os problemas e utilizadas amplamente por operadoras de telecomunicações, serviços de call-center, serviços de help-desk, dentre outros usos de ordem prática. Ele é considerado o fundador de um ramo do conhecimento chamado de Engenharia de Teletráfego. A fórmula encontrada por Erlang para o primeiro problema é conhecida como “Erlang B”: B é a probabilidade de que chamadas sejam bloqueadas por ausência de troncos livres, dentro de uma unidade de tempo, quando a intensidade

Gerenciar é Estimar

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Algumas pessoas, principalmente aquelas que são excessivamente apegadas a minúcias técnicas em suas profissões, tendem a não gostar (ou têm medo) de fazer estimativas numéricas ou expressar suas opiniões profissionais sem fazer cálculo. Isso não tem razão de ser. Quanto mais experiente você for em sua profissão, mais será capaz de fazer boas estimativas sem cálculos. Você pratica o ato de fazer estimativas a cada momento de sua vida, inconscientemente: quando ultrapassa outro veículo na estrada, quando joga bolas de papel na lixeira a 5 metros de você (e acerta!), ou mesmo quando brinca com sua filha lançando-a e agarrando-a no ar acima da sua cabeça (se você é pai e nunca fez isso, eu lhe asseguro que seu/sua filho(a) perdeu grandes momentos de diversão com você!). Em alguma dessas situações você para e faz cálculos matemáticos antes de executar tais ações? Claro que não. Por quê? Porque a sua experiência e as suas heurísticas acumuladas permitem que você faça tais coisas sem muito es

O Impacto das Base Rates em Evidências

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                                                      No artigo “Evidential Impact of Base Rates” (Tversky, 1982), Tversky and Kahneman propõem o seguinte problema (tradução livre minha):  Um táxi se envolveu num acidente à noite e fugiu do local. Duas companhias de táxis, a Verde e a Azul, operam na cidade. Você é apresentado com os seguintes dados:  (a) 85% dos táxis da cidade são verdes e 15% são azuis;  (b) Uma testemunha identificou o táxi do acidente como sendo azul;  (c) A Justiça testou a confiabilidade da testemunha sob as mesmas circunstâncias da noite do acidente e concluiu que a testemunha identifica corretamente cada uma das duas cores em 80% das vezes e erra em 20% das vezes.  Qual é a probabilidade dessa testemunha ter identificado corretamente a cor do taxi nesse acidente?  Seja B o universo de possibilidades de o táxi ser identificado como Azul, e G o universo de possibilidades de o táxi ser identificado como Verde, e seja R o universo de possibilidades de a te